Fonte: Revista VEJA » Edição 2149 / 27 de janeiro de 2010
Xadrez
O garoto de meio milhão de jogadas
Revista VEJA, Alexandre Salvador
Essas são as possibilidades que o norueguês Magnus Carlsen, o novo número 1 do ranking, enxerga diante do tabuleiro. Aos 19 anos, ele é o grande nome de uma geração de enxadristas criada com os recursos dos computadores
APRENDIZADO VIRTUAL Carlsen, grande mestre desde os 13 anos, só treina com softwares: ele não se lembra se tem em casa um tabuleiro convencional
Diante de um tabuleiro de xadrez, o norueguês Magnus Carlsen é capaz de proezas notáveis – principalmente para um jovem de apenas 19 anos. Sua memória guarda meio milhão de jogadas possíveis. Isso significa dispor de resposta pronta para praticamente qualquer lance do adversário. Não bastasse esse imenso arsenal, ele também consegue prever os vinte lances seguintes de uma partida, de acordo com suas movimentações iniciais e as de seu adversário. Carlsen encarna um personagem que gozava de grande popularidade num passado não muito distante – o gênio do xadrez. Até a década de 90, as disputas entre os grandes enxadristas eram televisionadas e eletrizavam o planeta. Os jogadores eram festejados como heróis e tinham seus passos seguidos com curiosidade. O interesse pelo xadrez diminuiu consideravelmente.
Magnus Carlsen, pela precocidade e pela velocidade com que vem galgando degraus na carreira, é o primeiro enxadrista em condições de virar celebridade desde então.
Em 2004, com apenas 13 anos, Carlsen derrotou o antigo campeão mundial, o russo Anatoly Karpov, e empatou com o também russo Garry Kasparov, então o número 1 do ranking da Federação Internacional de Xadrez (Fide). No mesmo ano, recebeu o título de grande mestre, a mais alta qualificação de um enxadrista, equivalente à faixa preta nas artes marciais. No ano passado, Carlsen venceu dois torneios cruciais, um na China e outro na Inglaterra, e a recompensa veio no início deste mês. A Fide o colocou na primeira posição no ranking global dos jogadores de xadrez. "Desde a aposentadoria de Kasparov não surgia um jogador de primeiro time que fosse carismático, que atraísse a simpatia do público, como Carlsen", disse a VEJA o americano William Hall, diretor executivo da federação americana de xadrez.
Magnus Carlsen é o grande nome de uma geração de enxadristas que guarda diferenças significativas com os campeões do passado. Boa parte da popularidade desfrutada pelo xadrez nos anos 60 e 70 se devia à exploração ideológica do jogo promovida pelos Estados Unidos e pela União Soviética durante a Guerra Fria. Os soviéticos foram os maiores campeões de xadrez no século XX, mas sua hegemonia era constantemente ameaçada pelos americanos, e as disputas se tornaram instrumentos de marketing na polarização entre capitalismo e comunismo. No século passado, apenas um americano, Bobby Fischer, conquistou o título de campeão mundial de xadrez, em 1972, derrotando o russo Boris Spassky. A partida entre ambos, que durou um mês e meio e foi acompanhada atentamente em todos os quadrantes do planeta, ganhou o apelido grandioso de "o jogo do século".
Boris Spassky x Bobby Fischer
O garoto de meio milhão de jogadas
Revista VEJA, Alexandre Salvador
Essas são as possibilidades que o norueguês Magnus Carlsen, o novo número 1 do ranking, enxerga diante do tabuleiro. Aos 19 anos, ele é o grande nome de uma geração de enxadristas criada com os recursos dos computadores
APRENDIZADO VIRTUAL Carlsen, grande mestre desde os 13 anos, só treina com softwares: ele não se lembra se tem em casa um tabuleiro convencional
Diante de um tabuleiro de xadrez, o norueguês Magnus Carlsen é capaz de proezas notáveis – principalmente para um jovem de apenas 19 anos. Sua memória guarda meio milhão de jogadas possíveis. Isso significa dispor de resposta pronta para praticamente qualquer lance do adversário. Não bastasse esse imenso arsenal, ele também consegue prever os vinte lances seguintes de uma partida, de acordo com suas movimentações iniciais e as de seu adversário. Carlsen encarna um personagem que gozava de grande popularidade num passado não muito distante – o gênio do xadrez. Até a década de 90, as disputas entre os grandes enxadristas eram televisionadas e eletrizavam o planeta. Os jogadores eram festejados como heróis e tinham seus passos seguidos com curiosidade. O interesse pelo xadrez diminuiu consideravelmente.
Magnus Carlsen, pela precocidade e pela velocidade com que vem galgando degraus na carreira, é o primeiro enxadrista em condições de virar celebridade desde então.
Em 2004, com apenas 13 anos, Carlsen derrotou o antigo campeão mundial, o russo Anatoly Karpov, e empatou com o também russo Garry Kasparov, então o número 1 do ranking da Federação Internacional de Xadrez (Fide). No mesmo ano, recebeu o título de grande mestre, a mais alta qualificação de um enxadrista, equivalente à faixa preta nas artes marciais. No ano passado, Carlsen venceu dois torneios cruciais, um na China e outro na Inglaterra, e a recompensa veio no início deste mês. A Fide o colocou na primeira posição no ranking global dos jogadores de xadrez. "Desde a aposentadoria de Kasparov não surgia um jogador de primeiro time que fosse carismático, que atraísse a simpatia do público, como Carlsen", disse a VEJA o americano William Hall, diretor executivo da federação americana de xadrez.
Magnus Carlsen é o grande nome de uma geração de enxadristas que guarda diferenças significativas com os campeões do passado. Boa parte da popularidade desfrutada pelo xadrez nos anos 60 e 70 se devia à exploração ideológica do jogo promovida pelos Estados Unidos e pela União Soviética durante a Guerra Fria. Os soviéticos foram os maiores campeões de xadrez no século XX, mas sua hegemonia era constantemente ameaçada pelos americanos, e as disputas se tornaram instrumentos de marketing na polarização entre capitalismo e comunismo. No século passado, apenas um americano, Bobby Fischer, conquistou o título de campeão mundial de xadrez, em 1972, derrotando o russo Boris Spassky. A partida entre ambos, que durou um mês e meio e foi acompanhada atentamente em todos os quadrantes do planeta, ganhou o apelido grandioso de "o jogo do século".
Boris Spassky x Bobby Fischer
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